Síndrome do “nasci há dez mil anos atrás”
Tenho apenas 23 anos, “apenas”, porque é comum ouvir as pessoas dando ênfase nessa palavra quando revelo minha idade.
Mas o sentimento de ter uns 70 anos me fez parar e refletir algumas coisas de uns tempos para cá...
É que estão ficando batidos os discursos da minha geração, é uma onda de revolta, um sentimento de mudança repentina, uma inquietação momentânea e aquelas mesmas baboseiras sendo ditas sobre comunismo, machismo, racismo ou o discurso de “como as coisas deveriam ser”. Eu mesma caio nessa de vez em quando, entre uns copos e outros de cerveja, mas ultimamente tenho exercitado a audição e é frequente o sentimento de não pertencer tanto a esta realidade embaçada.
Acontece que sou da geração onde a tecnologia se popularizou mais rápido que a “educação NA tecnologia”, logo, está sendo complicado competir com os computadores. Já explico!
Temos em nossas mãos a resposta para muitas perguntas, é de praxe que saibamos discorrer sobre todos os assuntos levantados na mesa. Com isso é possível rapidamente criar opinião sobre algo que jamais paramos para pensar, inventar uma explicação baseado no “achismo” (para quem não conhece, é a ciência mais difundida desta geração), concordar ou discordar de alguém que também está falando algo que não sabe. Enfim, complicado demais viver assim, não acham?
Daí começou essa concorrência e as pessoas começaram a se sentir “burras”, “mal informadas” etc.
E qual foi a saída? Uhnnnm não sei. Vou pesquisar no Google!
O problema não é pesquisar no Google, é pesquisar no Google e não compreender a importância de uma REFERÊNCIA. E, pior que isso, é pesquisar qualquer coisa em qualquer site e ler apenas o DESTAQUE do texto. Interpretando da forma que preferir.
A minha geração gosta de opinar, gosta de discutir sobre, gosta de postar sobre, gosta de fazer parte. A minha geração diz que vai fazer, mas ela só copia. A realidade é que a minha geração não faz nada, não fala nada, a minha geração não gosta de ler... Nós não sabemos ler. Não nos ensinaram a usar um site de pesquisa, ao invés disso, nos cobraram respostas. E a gente é muito sagaz! A resposta estava no primeiro site indicado pelo Google. MOLEZA!
A gente sabe fazer tudo! A gente só nunca tentou fazer, e os poucos que se aventuraram perceberam que estavam fazendo algo errado, “Mas é claro! Aquele site tava desatualizado”.
Sou da geração que sabe o que fazer, mas erra por preguiça de ler o manual de instruções ou simplesmente não faz.¹
Sabemos como tornar o mundo mais justo, o planeta mais sustentável, as mulheres mais representativas, o corpo mais saudável. Fazemos cada vez menos política na vida (e mais no Facebook), lotamos a internet de selfies em academias e esquecemos de comentar que na última festa todos os nossos amigos tomaram bala para curtir mais a noite. Ao contrário do que defendemos compartilhando o post da cerveja artesanal do momento, bebemos mais e bebemos pior.¹
Acreditamos que as bicicletas podem salvar o mundo da poluição e a nossa rotina do estresse. Mas andamos sempre de carro, porque tá muito calor, porque chove, porque sim! Temos adesivos nos nossos carros apoiando a "lei seca", mas sempre olhamos os sites para dar aquela escapadinha, porque acreditamos que não apresentamos nenhum risco. Vimos todos os vídeos que mostram que os fast-foods acabam com a nossa saúde, mas mesmo assim lotamos as filas do drive-thrru, porque temos preguiça de ir até a esquina comprar pão, ou porque a fila do mercado está grande demais. Somos a geração que tem preguiça de lavar copos, e por isso adotamos a utilização dos descartáveis, e criamos um problema ainda maior... Retirar o lixo!
Preferimos escrever no computador, mesmo com a letra que lembra a velha Olivetti, porque aqui é fácil de apagar.¹
Nós repugnamos o erro e sempre que ele ocorre nos frustramos ou inventamos uma forma de colocar a culpa em alguém ou algo, mas excluímos a hipótese de poder utilizá-lo como ferramenta de estudo ou como lição de vida, como alguns grandes fizeram gerações passadas.
Postar é tão fácil (e apagar também) que opinamos sobre tudo sem o peso de gastar papel, borracha, tinta ou credibilidade.¹
Somos aqueles que acham que empreender é simples, que todo mundo pode viver do que ama fazer. Acreditamos que o sucesso é fruto das ideias, não do suor. Somos craques em planejamento e medíocres em perder uma noite de sono trabalhando para realizar.¹
Sabemos que existe gente bem intencionada querendo nos ajudar a crescer no mundo todo, mas ignoramos os conselhos dos nossos pais, porque eles não sabem usar whats app.
Gostamos de fazer parte de grandes ações solidárias, mas só em épocas específicas, porque precisamos ter um motivo para postar a foto.
Não conhecemos mais nossos amigos, porque eles mesmos não sabem quem são, do que gostam ou o que preferem, assim como nós! Não vamos mais a casa um do outro, não discordamos um do outro, comemoramos nossos aniversários em boates e após a selfie ninguém mais sabe um do outro.
Somos a geração que se mostra feliz no Instagram e soma pageviews em sites sobre as frustrações e expectativas de não saber lidar com o tempo, de não ter certeza sobre nada.¹ Somos aqueles que escondem seu interesse sobre meditação e astrologia, porque são coisas que só nossos avós se interessariam.
Somos a geração que paga caro numa peça de roupa feita de forma artesanal por um artista famoso, mas ignoramos durante todo o colegial os trabalhos de artes que fomos obrigados a fazer. E achamos que feira de artesanato é coisa para aposentdos. Por muitas vezes preferimos pagar mais caro pela marca, mesmo sabendo que na lojinha sem nome ao lado a mesma peça está abaixo da metade do preço. (O que meus amigos iriam pensar?)
Sou da geração que se decora superficialmente para mostrar o que é, mas que não se pergunta o que realmente gostaria de ser.
Sou de uma geração cheia de ideais e de ideias que vai deixar para o mundo o plano perfeito de como ele deve funcionar.¹ Mas não vai ter feito muita coisa, porque estava pesquisando no Google como faria isso.
1 - http://www.sabiaspalavras.com/a-geracao-que-tudo-idealiza-e-nada-realiza/
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“Nada pode nos penalizar mais do que nós mesmos.”
Todos temos o poder de nos regenerar da culpa
Caberá a nós mesmos a percepção de que já somos capazes!
Erros serão indícios de falta de aprendizado,
Acertos poderão passar despercebidos aos olhos de quem já aprendeu a lição...
Os acontecimentos são provas de tudo o que já aprendemos ou não!
Enquanto fugir dos seus problemas para tentar esquecê-los...
Estará provando a si mesmo que não se permitiu evoluir.
Todos temos o poder de nos regenerar da culpa
Caberá a nós mesmos a percepção de que já somos capazes!
Erros serão indícios de falta de aprendizado,
Acertos poderão passar despercebidos aos olhos de quem já aprendeu a lição...
Os acontecimentos são provas de tudo o que já aprendemos ou não!
Enquanto fugir dos seus problemas para tentar esquecê-los...
Estará provando a si mesmo que não se permitiu evoluir.
Nas horas de indecisão,
Quando a dúvida embaça a visão...
É melhor parar com tudo e ficar sozinho,
Sentar num sofá e beber um bom vinho...
E ver de fora, a vida desenrolar seu caminho.
Quando a dúvida embaça a visão...
É melhor parar com tudo e ficar sozinho,
Sentar num sofá e beber um bom vinho...
E ver de fora, a vida desenrolar seu caminho.
Loucos são aqueles que seguem as tendências... Imitam e lutam para conseguir chegar em algum lugar pelo mesmo caminho dos outros, pois os normais são aqueles que fazem a sua realidade da melhor maneira possível e se reinventam a cada dia, para que os loucos continuem a copiar.
Boa reflexão... Hipocrisia dos dias atuais...
ResponderExcluirBoa reflexão... Hipocrisia dos dias atuais...
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